segunda-feira, janeiro 23, 2006

Noite dos vencidos

Sombria e pálida impertinência
De sonhar em vão tal breve ausência,
De dentro do profundo inferno
Gemendo um defunto eterno
Explica-me a coincidência,
Eu peco a entender o mundo,
Eu perco todo o conteúdo,
Ao crer que tudo gira em torno
Do centro do meu podre umbigo.

Eu sinto que o padre eterno
A crer que vivo no inverno,
Dirá para cubrir meu corpo,
" - Esconda agora o seu pecado!"

Na noite dos vencidos sonharei contigo,
Não terei mais minha janela,
Não terei mais meu abrigo.
Na noite dos vencidos tentarei dormir,
Mas sei que não consigo,
Sei que então desperto
Estarei tão certo
Que o mal é antigo.

Então desperto
Deceparei a rosa do deserto,
Que cresce num cactus,
Em meio a espinhos,
Cercada de areia,
Sem água nem vinho,
Na última ceia.

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