domingo, abril 30, 2006

Desperto

Tive um sonho muito estranho essa noite...
Daqueles que a gente acorda chorando.
Daqueles sonhos em que tudo era diferente. Que tudo era o que foi um dia, e que já não é mais e nem vai ser de novo.
Daqueles que a gente acorda chorando, mas não porque o sonho era triste.
Daqueles que a gente acorda chorando porque percebeu que era um sonho.

Daqueles sonhos de saudade. Como quando morreu alguém.

Foi um sonho lindo.
Mas era só um sonho.
Ela estava comigo num refeitório. Ao meu lado.
Conversávamos. Eramos amigos.

Ela era minha amiga.
E conversávamos.
Estávamos num lugar onde o tempo comeu. Um lugar que não é, nem foi, nem será.
Era um sonho. Apenas um sonho.
Desses que a gente sabe que é só um sonho,
Que a gente acorda triste,
Mas não porque era um sonho triste,
Mas porque era só um sonho.
Que não volta mais.

E aí é quando a saudade dói.

sábado, abril 15, 2006

Labirinto.

Longo e dissonante labirinto.
Distante de qualquer entrada,
Estou próximo ao nada.
Ela, paralisada.

Calabouço de idéias contorcidas.
Idéias corrompidas.
Fúria da vontade inconclusa, a vontade insaciada.
Ela, o labirinto em fúria.

Lento e asfixiante,
Desesperador labirinto.
Ela.
Instintos dissonantes,
Incompatibilidades desastrosas.

Longo e lento labirinto.
Palavras vazias preenchendo o vício.
Como odiar você?
Odiar a mim mesmo é mais fácil.
Deveria errar pelo labirinto,
Deveria errar pelo abstrato,
Até o infinito.

Longo e lento labirinto.
Até quando espero?
Até que se caia o fim do mundo.
Não sei onde está o fundo, mas não está longe.
Queria estar eu longe.
Queria ter controle sobre todas essas pequenas coisas,
Queria ter ao menos controle sobre mim mesmo.
Sintaxe distorcida,
E sua semântica absurda, que me fere,
Suas palavras são uma facada em meu peito.

sábado, abril 01, 2006

Mais rapido

- Você é mais que uma estrela.
- O que sou? Uma estrela que caiu do céu? Que triste.
- Claro que não.
- Com razão me sinto incômoda, porque minha vida, meu mundo, está com as estrelas.
- Eu tampouco me sinto cômodo.
- Será você também uma estrela?
- Sou de outro mundo.
- De que mundo? Fecho os olhos e te imagino com sua taça de vinho, sentado na frente do computador.
- Sim?
- Que agradável imagem.
- Porque?
- Pra mim é fácil te imaginar na penumbra, na frente do computador.
- Com a minha cara triste?
- Sim.
- Tenho uma cara triste.
- Por que você está triste?
- Porque meu olhar é triste.
- Seu olhar não era triste quando te conheci.
- Não.
- Você bebeu muito, já?
- Não.
- Você não me conheceu triste. Eu estava eufórico quando te conheci.
- Sim, me lembro de você assim.
- Não importa... Não sei muito bem o que estou dizendo...