quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Burocracia

Formulários, autorizações, regulamentos, regras,
Taxas... taxas... taxas... milhares de taxas,
Impostos, atrasos e espera.
Espera.
Espera.
Agora esperar mais um mês e meio...

Um mês e meio a mais é um mês e meio a menos.
Só quero terminar o meu filme,
Falta pouco depois de tanto.

De novo no início... reunião.
Nova reunião, novas definições, nova estratégia...
Marcelo (produtor): " - Espera, deixa eu dar um grito... AAAAAAAAAHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!"

Esperar e esperar, mais um mês e meio... que pode ser mais de um mês...
Minha vida era tão mais fácil quando tinha um, apenas um objetivo...
Agora minha vida é mais emocionante, tão emocionante que vou morrer do coração.

Formulários, autorizações, regulamentos, regras,
Taxas... taxas... taxas... milhares de taxas.
...falta pouco, espero que não seja muito esse pouco.
Por enquanto o "Rascunho de Pássaro" continua apenas sendo um rascunho, filmado pela metade... mais da metade.

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(foto por Rubão - www.registrodaluz.com.br)

Ventania

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O vento varreu a cidade, levando embora o que era leve.
Evaporei.
Diluído seu olhar na minha lembrança, quase esquecido até,
Longe desta dança,
Dança fúnebre,
Repousam seus olhos em outro
Em outra coisa, outra vida.

Longo como a noite no inverno polar
Meu mundo se desconstrói e volta a ser ruína
Novamente zero como quando quero o que não existe nem resiste como um desejo a ser desejado
Quando desejo o impossível, infinito.
Porque sou, no fundo, uma criança mimada, um fingidor, mentiroso e fútil, como as flores amputadas que um homem dá a uma mulher para se desculpar da mágoa causada por um capricho.
Sou um grão de areia no deserto,
Sou uma sombra na noite sem lua nem luzes,
Um nada no meio de tudo,
Uma gota de água no mar que o sol evaporou para chover de novo,
E de novo,
E de novo.
Como vem chovendo nos últimos bilhões de anos da eternidade.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Eco.

E me foge a inspiração como um cão medroso,
Com o rabo entre as pernas,
A perder de vista no áspero horizonte, muralha de prédios.

De longe ouço seus latidos, que ecoam nos becos infinitos desta cidade monstruosa,
Essa cidade que parece um abismo.

domingo, fevereiro 19, 2006

Forasteiro

Dentro de sua própria pátria forasteiro.
Medo dentro de seu meio
Ele olha ao seu lado e não reconhece o outro
E o outro
E outro.

No centro de sua vida tudo remonta
Ao capítulo inicial.
Onde alvo e magro apareceu
De dentro das entranhas de sua mãe
Seus irmãos ciumentos,
Com seu amor de medo
Comedido ante o seio
Que dividido era de todos,
Lhe receberam de braços abertos com o passar dos anos.

sábado, fevereiro 18, 2006

Nunca

Nunca
Ou sempre,
Agora.

E com essas palavras de bêbado sigo adiante,
Escrevendo até doer,
E quando a dor chegar, me viro, me deito,
Durmo profundo,
Sonhando com palavras,
Meu delírio abstrato.

Encerrado em palavras,
Enquanto lá fora existe uma vida,
Enquanto lá fora o sol brilha,
O mato é verde,
O ar é fresco.

Encerrado em delírios,
Enquanto amanhã já passou e foi ontem,
E a saudade que sinto é de um dia que sentia saudade de algo que não conheci,
A saudade que tenho é a saudade de hoje,
O dia que nem acabou mas já faz me lembrar
Que o tempo era bom.

Encerrado em dilúvios
Observo do altar
A cidade em chamas
O avanço do mar.

Mais uma noite.

Mais uma noite tentando escrever aquele poema,
Mais uma noite tentando encontrar aquele poema,
Aquela montanha,
O imprevisto,
O impossivel.

Mais uma noite procurando a montanha,
Mais noites perdidas da infancia,
Aquele emblema,
Aquele poema.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Delírium

Sabe-se lá o que será que seria se fosse ao fundo
Se fosse longe
Se fosse um fato.

Se tivesse um poema pronto
Para escrever de pronto pra ela

Ela que não sei se lê
Que nem imagino
Que nem insisto
Apesar de querer
E sonhar
Este absurdo.

Se eu tivesse este poema
Tampouco poria ele aqui
Porque já estaria pronto
Pré-fabricado
Ao ponto.

Prefiro Mal passado
Recém tirado do forno
Inacabado
Mal executado.

Mal executado como este poema desleixado
Que dedico a ela,
A você, se é que me lê.
Estas parcas palavras.
Eu que nem te conheço.

Este poema inacabado,
Mal executado.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Minha

Ah, se essa música fosse minha
Mudaria todas as rimas
O sentimento de incerteza,
De tristeza, de escuridão,
Mas ela é feita do acaso,
Me desfaço em compassos
Neste tempo absurdo da canção.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Resumo

Fui louco,
Fui profeta,
Fui ladrão,
Fui poeta.

Agora não sou nada,
Quando muito
Sou pouco.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Palavras

Gostaria de escrever alguma coisas sobre as palavras,
Mas me faltam palavras.
Gostaria de dizer alguma coisa para mim mesmo,
E para quem me ler,
Mas me faltam palavras.
E se me faltam palavras como vou falar de palavras
E se as palavras que faltam
Faltam porque não eram palavras e sim sentimentos
E sentimentos não são palavras,
Sentimentos... que são sentimentos?
Eu não sei, eu sinto.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Em busca do horizonte.

Não quero parar nunca,
A vida pode parecer um sonho,
A vida pode parecer um pesadelo,
Vou seguir em frente,
Em busca do horizonte,
Em busca da fonte.

O que quero posso nunca conseguir,
Sei que nunca vou estar satisfeito,
Não há materia, amor ou vício,
Não há nada que baste,
Não há nada que acabe com o querer,
Sou um ser humano,
Com sede de tudo,
Com tempo pra pouco,
Existem mil livros que não vou ler,
Existem mil filmes que não vou ver,
Existem mil palavras e não escrevo,
Existem mil coisas que não esqueço,
Sei que não vou parar,
E que nunca é tarde,
E que nunca é cedo.