domingo, dezembro 12, 2010

Domingo

Um dia de ressaca, depois de ontem, onde várias coisas aconteceram. Um sábado de verdades esfregadas na cara. E hoje um domingo de imensas possibilidades. Mas o que eu quero é só um cinema e um pouco de diversão. Um bom almoço e não quero filmar nada. Mas talvez eu tenha que filmar uma coisa. Talvez não, eu tenho um negócio pra filmar, mas não sei se farei hoje ou se farei amanhã.

Tenho tudo nas minhas mãos. Todo o equipamento que sempre precisei. Toda a infra estrutura para fazer o que eu sempre quis. E estou fazendo algumas coisas que sempre quis. Mas ainda não tenho todas as respostas. Não sei exatamente para quem eu devo ligar hoje. Não sei exatamente o que estou fazendo. Mas continuo fazendo.

Nem sei se deveria escrever isso ou não, mas na dúvida eu escrevo. E o problema não é meu. É de quem me lê. Afinal de contas eu não tenho compromisso nenhum com esse blog. Só sou dono dele, apenas isso, aplico aqui a minha propriedade. E só.

Outro dia uma amiga que faz um projeto comigo me perguntou qual era o meu blog, para ela publicar no nosso projeto. Achei isso muito estranho, porque meu blog é meu espaço pessoal, embora seja aberto a qualquer um, é pessoal e íntimo. Embora tampouco seja tão íntimo assim, eu quero pra ele a liberdade de continuar colocando o que eu quero. Não é o meu site, ou as notícias que acontecem acerca da minha própria pessoa. Não. Não é um espaço para eu falar de mim mesmo, de meus projetos e me divulgar. Não. O que eu falo de mim aqui não é para as pessoas lerem, embora eu saiba que algumas pessoas acabam lendo, o que eu falo de mim aqui, só falo porque sou egocêntrico demais para falar apenas de outras coisas além de mim mesmo.

Meu egocentrismo não me permite falar apenas de outras coisas senão de mim mesmo. Enfim, esse é o meu espaço e falarei o que quiser. Mesmo se não tiver nada para dizer e ficar apenas dando voltas sobre este assunto: não ter nada a dizer. Já é alguma coisa.

O blog de um amigo, que venho acompanhando há alguns meses, está, ultimamente, nesta fase, de dizer que quer dizer alguma coisa, de escrever que gostaria de escrever mais, de adiar para o dia seguinte a dívida de colocar alguma coisa interessante para as pessoas lerem.

É um dizer que vai e prometer para si mesmo com os leitores de testemunhas sempre adiando-se a si mesmo. Recentemente ele escreveu dia após dia que ia escrever todos os dias durante um tempo, qualquer coisa que fosse. Prometia escrever e produzir mais, que não deixaria seus leitores na mão, sem seus textos. Escreveu isso por uns 5 dias seguidos. Mas nesses dias todos ele não escreveu nada que não fosse apenas um pedido de desculpas e uma lamentação por não ter nada a escrever.

Escrevesse sobre política.

Eu antes escrevia poesia. Postei vários poemas neste mesmo blog, alguns meio juvenis, ingênuos, exagerados, ultra-românticos e adolescentes. Outros um pouco mais vicerais, bêbados, cansados e ultrajantes. Mas nada que me deixasse emocionado, ou deslumbrado. Nunca mais escrevi poesia.

Já escrevi sobre sexo. Já escrevi sobre desilusão. Sobre mentiras. Sobre drogas. Sobre absurdos. Mas não neste blog. Este é meu blog público, apesar de ser o meu espaço soberano, onde, teoricamente, posso escrever o que quiser, algumas coisas são melhores ditas se não forem escritas aqui, se não forem públicas. Muitas portas podem se fechar se tudo for dito. A verdade carrega consigo grandes consequências.

Diante disto eu posso concluir que este espaço não é meu. Mas é um espaço para dizer amenidades. Para publicar futilidades e pensamentos superficiais. Porque as profundezas são demasiadamente lodosas para virem à tona publicamente.

É melhor o não dito que o escancarado desperdício de dizer o que ninguém quer ouvir. É melhor apenas a promessa de dizer algo, a promessa de algum dia contribuir com uma bela narrativa para deleite alheio. Que escancarar as escaras na cara de quem não quer saber a verdade.

É melhor esse adiamento de possibilidades. Essa insistência em não ser. Essa insistência em não dizer.

Tudo o que eu queria hoje era estar na praia, na beira do mar. Com ela.
E não apenas estar lá, mas saber que posso estar lá sempre que quiser. E tomar uma água de coco, tomar um banho de mar. Sentir a força intangível das ondas, que passam por mim sem que eu saiba exatamente o seu tamanho e as suas consequências.

Quero saber tudo. Sempre quis. É um impulso, uma vontade que não consigo evitar. Mas é melhor que eu não saiba algumas coisas.

Existem sentimentos que eu quero que morram dentro de mim. Sentimentos que me cansam. Que me deixam exausto. Que me desgastam e não têm solução nenhuma.

Escutei coisas que não devia ter escutado. Foram me ditas palavras que nunca quis ter escutado, que não gostei de ouvir, e que me machucaram profundamente.

Agora eu sou um homem de coração partido e que mede as palavras.

Enfim hoje é domingo. E a ampulheta do dia está escorrendo. Se eu não correr não terei meu almoço. Não terei minha praia. Não terei o meu descanso que tanto preciso.

Melhor não ficar me justificando a ninguém aqui, e deixar de perder o meu tempo e ir fazer o que preciso fazer. Descansar meu coração.

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